2 de mar. de 2011

Pequenas mudanças no orçamento são suficientes para fazer com que sobre mais dinheiro no final do mês

É muito comum as pessoas gastarem quase todo o salário para pagar as contas no final do mês. Com o pouco dinheiro que sobra é muito difícil ter um plano de investimentos. Mas, com simples ajustes no orçamento doméstico, é possível fazer seu dinheiro render mais. O casal carioca Luciano Leite D’Almeida, de 28 anos, e Fernanda Lage Leão, de 29 anos, é um típico exemplo de brasileiros que têm descontrole financeiro e não conseguem poupar.

Com formação técnica em propaganda e marketing, Luciano é gerente de contas da Embratel. Além do salário líquido de 2 300 reais, ele recebe 500 reais de vale-alimentação e vale-refeição, uma ajuda de custo de 900 reais para abastecer o automóvel e comissões mensais que podem chegar a 1 700 reais. Fernanda tem formação técnica em prótese dentária, hoje trabalha como protética e tem uma renda líquida de 830 reais. Em maio, eles gastaram 4 583 reais dos 5 130 reais que receberam de salário. "Quando o Luciano ganha comissão até sobra um pouco de dinheiro, caso contrário, é um mau humor total. Temos muita vontade de poupar, mas falta dinheiro", diz Fernanda. Quando sabem que não vão conseguir arcar com todos os gastos, invariavelmente, Luciano e Fernanda atrasam alguma conta. "Quando percebo que não vai dar para pagar todas as contas, atraso o condomínio", diz Luciano. A revista VOCÊ S/A pediu a consultores de finanças pessoais para analisarem os gastos do casal e traçar alternativas para que eles reduzam as despesas e comecem a fazer investimentos regulares para o futuro.

AS DÍVIDAS

O que mais pesa no orçamento da família é o financiamento do automóvel. São 48 parcelas de 470 reais — o casal deve quitar a última em junho de 2010. Luciano também tem um empréstimo no valor de 222, reais que fez para quitar uma dívida de cheque especial, e termina de pagar em novembro. Outro gasto significativo é o cartão de crédito. Em maio Luciano pagou 600 reais e 50% eram referentes à compra de roupas. “Eu e a Fernanda compramos roupas para o nosso filho, David, de 3 anos, ele cresceu e as antigas não serviam mais”, diz. Fernanda tem dois cartões de crédito. Ela parou de usar um deles depois que precisou parcelar a fatura e arcar com os altos juros do crédito rotativo. "Percebi que não iria dar conta dos gastos", diz.

No mês de maio ela pagou 300 reais da dívida, mas ainda deve 800 reais para a administradora do cartão. Com o susto decidiu diminuir os gastos do outro cartão e já fez as contas: em junho, a dívida com o cartão deve cair de 445 para 170 reais. “Estou tentando controlar meus gastos, mas é difícil”, diz Fernanda. Especialistas em finanças pessoais alertam que o casal não pode considerar a receita variável quando se compromete com uma dívida. “Os gastos precisam ser alinhados à receita fixa da família”, diz Mário Amigo, consultor financeiro da Mercer, consultoria global do Rio de Janeiro.

SOLUÇÕES IMEDIATAS

O casal tem 3 000 reais alocados em uma poupança. Mesmo com o orçamento apertado, Luciano tenta investir 100 reais todo mês. Mário, consultor da Mercer, aconselha o casal a usar parte do dinheiro da poupança para quitar o empréstimo do cheque especial. Eles também podem usar a grana aplicada para quitar os 800 reais que faltam para liquidar a dívida do cartão de Fernanda. “Mas não devem acabar com todo o dinheiro da poupança. É sempre importante ter uma reserva financeira”, diz Mário.

Se seguirem essas dicas, Luciano e Fernanda vão conseguir aliviar um pouco mais os gastos mensais. Outra dica é aproveitar a comissão que Luciano recebe da empresa para reduzir o valor do financiamento do automóvel. Luciano e Fernanda podem optar também por não usar a poupança e aproveitar o dinheiro que sobra do mês, cerca de 500 reais, para reduzir as dívidas, inclusive do automóvel. Mas, se não sobrar dinheiro, eles devem usar a poupança “As taxas de juro das dívidas são superiores ao juro pago pela poupança”, diz Mário.

Os consultores aconselham o casal a diminuir os gastos com energia elétrica. Fernanda admite que já tentou, mas não conseguiu. “Eu podia economizar muito mais, mas não estamos conseguindo. Eu uso muito o secador de cabelos e a máquina de lavar.” O casal também mudou o plano de telefonia tradicional para um econômico. “A conta do telefone chegava a 250 reais, não dava mais”, diz Fernanda.

MAIS RENDA

A alternativa para que o casal não precise encurtar ainda mais os gastos é o aumento da renda. Para os consultores, Luciano, que está no último ano do curso de propaganda e marketing, tem muitas chances de aumentar o teto salarial. Já Fernanda pode investir em cursos relacionados à área em que atua. O que o casal não pode esquecer é que em breve os gastos vão se intensificar. “Quando o David chegar à adolescência, o Luciano e a Fernanda vão precisar pagar cursos e os desejos da criança também vão aumentar”, diz o consultor Raphael Cordeiro, da Raphael Cordeiro Consultoria de Investimentos, de São Paulo. Luciano e Fernanda fizeram um plano de aposentadoria complementar para o filho David. “A família precisa se preocupar em fazer uma poupança para que, no futuro, o filho tenha dinheiro para investir na educação”, diz Raphael.

INVESTIMENTOS

Com alguns ajustes e com o que sobra do salário, Fernanda e Luciano podem voltar a investir regularmente na poupança. Se economizar 10% de energia elétrica, 50% no pacote da TV a cabo, 10% com alimentação, eliminar a academia e reduzir em 25% os gastos com transporte, o casal vai poupar por mês 353 reais, que, aplicados ao longo de um ano na poupança, somarão 4 417 reais. Se conseguirem poupar todo mês 550 reais, a família vai ter, depois de um ano, 6 822 reais.

FONTE: Você S/A

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