É muito comum as pessoas gastarem quase todo o salário para pagar as  contas no final do mês. Com o pouco dinheiro que sobra é muito difícil  ter um plano de investimentos. Mas, com simples ajustes no orçamento  doméstico, é possível fazer seu dinheiro render mais. O casal carioca  Luciano Leite D’Almeida, de 28 anos, e Fernanda Lage Leão, de 29 anos, é  um típico exemplo de brasileiros que têm descontrole financeiro e não  conseguem poupar.
Com formação técnica em propaganda e marketing,  Luciano é gerente de contas da Embratel. Além do salário líquido de 2  300 reais, ele recebe 500 reais de vale-alimentação e vale-refeição, uma  ajuda de custo de 900 reais para abastecer o automóvel e comissões  mensais que podem chegar a 1 700 reais. Fernanda tem formação técnica em  prótese dentária, hoje trabalha como protética e tem uma renda líquida  de 830 reais. Em maio, eles gastaram 4 583 reais dos 5 130 reais que  receberam de salário. "Quando o Luciano ganha comissão até sobra um  pouco de dinheiro, caso contrário, é um mau humor total. Temos muita  vontade de poupar, mas falta dinheiro", diz Fernanda. Quando sabem que  não vão conseguir arcar com todos os gastos, invariavelmente, Luciano e  Fernanda atrasam alguma conta. "Quando percebo que não vai dar para  pagar todas as contas, atraso o condomínio", diz Luciano. A revista VOCÊ  S/A pediu a consultores de finanças pessoais para analisarem os gastos  do casal e traçar alternativas para que eles reduzam as despesas e  comecem a fazer investimentos regulares para o futuro.
AS DÍVIDAS
O  que mais pesa no orçamento da família é o financiamento do automóvel.  São 48 parcelas de 470 reais — o casal deve quitar a última em junho de  2010. Luciano também tem um empréstimo no valor de 222, reais que fez  para quitar uma dívida de cheque especial, e termina de pagar em  novembro. Outro gasto significativo é o cartão de crédito. Em maio  Luciano pagou 600 reais e 50% eram referentes à compra de roupas. “Eu e a  Fernanda compramos roupas para o nosso filho, David, de 3 anos, ele  cresceu e as antigas não serviam mais”, diz. Fernanda tem dois cartões  de crédito. Ela parou de usar um deles depois que precisou parcelar a  fatura e arcar com os altos juros do crédito rotativo. "Percebi que não  iria dar conta dos gastos", diz. 
No mês de maio ela pagou 300  reais da dívida, mas ainda deve 800 reais para a administradora do  cartão. Com o susto decidiu diminuir os gastos do outro cartão e já fez  as contas: em junho, a dívida com o cartão deve cair de 445 para 170  reais. “Estou tentando controlar meus gastos, mas é difícil”, diz  Fernanda. Especialistas em finanças pessoais alertam que o casal não  pode considerar a receita variável quando se compromete com uma dívida.  “Os gastos precisam ser alinhados à receita fixa da família”, diz Mário  Amigo, consultor financeiro da Mercer, consultoria global do Rio de  Janeiro.
SOLUÇÕES IMEDIATAS
O casal tem 3  000 reais alocados em uma poupança. Mesmo com o orçamento apertado,  Luciano tenta investir 100 reais todo mês. Mário, consultor da Mercer,  aconselha o casal a usar parte do dinheiro da poupança para quitar o  empréstimo do cheque especial. Eles também podem usar a grana aplicada  para quitar os 800 reais que faltam para liquidar a dívida do cartão de  Fernanda. “Mas não devem acabar com todo o dinheiro da poupança. É  sempre importante ter uma reserva financeira”, diz Mário. 
Se  seguirem essas dicas, Luciano e Fernanda vão conseguir aliviar um pouco  mais os gastos mensais. Outra dica é aproveitar a comissão que Luciano  recebe da empresa para reduzir o valor do financiamento do automóvel.  Luciano e Fernanda podem optar também por não usar a poupança e  aproveitar o dinheiro que sobra do mês, cerca de 500 reais, para reduzir  as dívidas, inclusive do automóvel. Mas, se não sobrar dinheiro, eles  devem usar a poupança “As taxas de juro das dívidas são superiores ao  juro pago pela poupança”, diz Mário. 
Os consultores aconselham o  casal a diminuir os gastos com energia elétrica. Fernanda admite que já  tentou, mas não conseguiu. “Eu podia economizar muito mais, mas não  estamos conseguindo. Eu uso muito o secador de cabelos e a máquina de  lavar.” O casal também mudou o plano de telefonia tradicional para um  econômico. “A conta do telefone chegava a 250 reais, não dava mais”, diz  Fernanda.
MAIS RENDA 
A  alternativa para que o casal não precise encurtar ainda mais os gastos é  o aumento da renda. Para os consultores, Luciano, que está no último  ano do curso de propaganda e marketing, tem muitas chances de aumentar o  teto salarial. Já Fernanda pode investir em cursos relacionados à área  em que atua. O que o casal não pode esquecer é que em breve os gastos  vão se intensificar. “Quando o David chegar à adolescência, o Luciano e a  Fernanda vão precisar pagar cursos e os desejos da criança também vão  aumentar”, diz o consultor Raphael Cordeiro, da Raphael Cordeiro  Consultoria de Investimentos, de São Paulo. Luciano e Fernanda fizeram  um plano de aposentadoria complementar para o filho David. “A família  precisa se preocupar em fazer uma poupança para que, no futuro, o filho  tenha dinheiro para investir na educação”, diz Raphael. 
INVESTIMENTOS 
Com  alguns ajustes e com o que sobra do salário, Fernanda e Luciano podem  voltar a investir regularmente na poupança. Se economizar 10% de energia  elétrica, 50% no pacote da TV a cabo, 10% com alimentação, eliminar a  academia e reduzir em 25% os gastos com transporte, o casal vai poupar  por mês 353 reais, que, aplicados ao longo de um ano na poupança,  somarão 4 417 reais. Se conseguirem poupar todo mês 550 reais, a família  vai ter, depois de um ano, 6 822 reais.
FONTE: Você S/A
Nenhum comentário:
Postar um comentário