Empresas  como a britânica Diageo, proprietária de marcas como Johnnie Walker e  Smirnoff, criam diretorias para conquistar consumidor emergente
Uísque Johnnie Walker e caipirinha com  vodca Smirnoff não são mais coisa apenas de baladas dos bairros nobres  dos grandes centros. Pelo menos no que depender de Eduardo Bendzius,  diretor de desenvolvimento de negócios da britânica Diageo, que  distribui as duas marcas, as bebidas estarão bem representadas também  nos bailes da Baixada Fluminense e nas casas noturnas da Zona Leste de  São Paulo.
A companhia de bebidas segue uma  tendência do mercado de RH: a criação de diretorias ou gerências que se  dediquem a "decifrar" os hábitos de consumo dos "emergentes". Para  Carlos Guilherme Nosé, diretor da consultoria em recursos humanos Fesa, a  preocupação com a classe C recai mais sobre as áreas de marketing e  produtos. "Bens de consumo não duráveis, como higiene, limpeza,  alimentos e bebidas, são itens a que este público aspira", diz. "Muitas  vezes, a saída encontrada é fazer pequenas adaptações nos itens para  atender à nova classe média."
No caso da Diageo, entretanto, a aposta é  outra: o setor capitaneado por Bendizius, criado há seis meses, não vai  criar embalagens populares ou variações especiais dos produtos para  conquistar novos clientes fora dos bairros de maior poder aquisitivo. A  intenção é convencer, mesmo para quem ganha menos, que vale a pena  investir no consumo de uma bebida mais refinada - além do Johnnie Walker  e da Smirnoff, a empresa também mantém rótulos como a tequila José  Cuervo e o licor Baileys.
"Não queremos substituir a cerveja. Mas,  em celebrações especiais, como uma festa de fim de ano, dá para vender o  Red Label ou até o Blue Label para este público", diz o executivo.  Segundo Bendzius, é uma questão de prioridade: se a pessoa está disposta  a pagar um alto preço por um tênis de determinada marca, pode também  pagar pela "experiência" de uma bebida ainda associada à classe A. "O  consumidor está aberto a coisas melhores", diz o executivo. "E os nossos  produtos são "classe média" em todo o mundo. E, agora, a mesma  mentalidade começa a ser aplicada ao Brasil, que está com a economia  mais forte."
Novo conceito. Embora empresas de  consumo como Ambev e Nestlé desenvolvam produtos específicos para a  classe C - a primeira lançou a cerveja de 1 litro e a segunda  desenvolveu um sistema de venda porta a porta -, o consultor André  Torretta afirma que isso não quer dizer que existam "dois Brasis" com  realidades de consumo distintas.
Aos poucos, diz o especialista, o  conceito do que é o "gosto geral" começa a mudar. "Nos Estados Unidos,  vende-se para o americano médio. Mas aqui, durante algum tempo, os  executivos pensavam no produto para eles mesmos. Com a expansão da  classe média, o conceito de "tendência" é outro: não importa se eu não  gosto de funk ou pagode; importa se o meu cliente gosta", ressalta  Torretta, fundador da consultoria A Ponte Estratégia, especializada em  aproximar grandes corporações dos "emergentes".
Para o consultor, os produtos já  ganharam uma cara realmente brasileira: "O mercado local se acostumou a  vender para a "Bélgica"; agora, tem de vender para a "Índia", a maioria.  Antes, só existia calça jeans para gente alta e magra, biotipo que  exclui a maioria dos brasileiros. Isso já começa a mudar", exemplifica.
FONTE: Portal de Branding
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